O Exército Brasileiro comemora o dia do Serviço de Intendência em 12 de abril, data do nascimento do seu patrono, o Marechal Carlos Machado de Bittencourt, em justa homenagem a todos os seus integrantes.
Nascido em 1840, na cidade de Porto Alegre (RS), desde cedo Bittencourt mostrou pendor para o ofício das armas. Aos 17 anos assentou praça e, em rápida ascensão, galgou todos os postos, em uma brilhante carreira. Participou de inúmeras e importantes campanhas, entre as quais a Guerra da Tríplice Aliança, durante a qual alcançou a promoção ao posto de capitão por atos de bravura.
No ano de 1897, então ministro da guerra, entrou para a história do Exército por reestabelecer a capacidade operativa das tropas federais enviadas para combater os fanáticos insurretos da localidade de Canudos, na Bahia, após sucessivas derrotas sofridas em expedições anteriores.
Bittencourt percebera que a precariedade e ineficiência da cadeia logística, comprometia seriamente o desempenho das forças legais. Organizou e sistematizou o fluxo de suprimentos, bem como o transporte de material e pessoal, criando condições de debelar a revolta.
Em 5 de novembro de 1897, em cerimônia de recepção aos veteranos de Canudos, no Arsenal de Guerra do Rio, atual Museu Histórico Nacional, em ato heroico e altruísta, foi mortalmente ferido por arma branca ao defender o então Presidente da República, Prudente de Morais, de uma tentativa de assassinato.
O Serviço de Intendência tem sua gênese na necessidade natural de sobrevivência da espécie humana, traduzida como o suporte logístico em situações de guerra.
A história das civilizações, plena de conflitos armados, bem exemplifica o impacto da logística nas decisões e vitórias dos grandes comandantes militares da antiguidade aos dias atuais.
No Brasil, somente após a transmigração da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808, iniciou-se a organização de uma estrutura logística rudimentar, em virtude, ironicamente, da necessidade de defesa contra a ameaça napoleônica.
No período imperial, em especial durante a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), o país foi obrigado a estruturar uma cadeia logística de amplo espectro para apoio às operações do Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Marquês de Caxias, nomeado comandante das forças brasileiras.
A percepção da importância fundamental de um conjunto de ações de retaguarda, diretamente vinculadas ao sucesso dos combates, transformou o antigo conceito do combate, antes vinculado ao enfrentamento imediato, em capacidade de permanecer em condições de mantê-lo.
Na primeira década da República, as operações contra as revoltas internas no sul, Revolução Federalista (1893-1895), e na Bahia, Canudos (1896-1897), expuseram a fragilidade da atividade logística do Exército imperial, atenuada pela atuação de líderes incontestes como o Marechal Bittencourt.
Após a experiência europeia da I Guerra Mundial (1914-1918), consagrou-se a relevância dos apoios em suprimentos e serviços nos teatros de operações, embora ainda limitados e, em nosso país, por influência da Missão Militar Francesa (1919-1940), criou-se o Serviço de Intendência do Exército Brasileiro, responsável pela administração e logística.
Ressalte-se que, durante o período da II Guerra Mundial, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) recebeu todo o apoio logístico necessário do V Exército dos Estados Unidos da América (EUA), ao qual fora subordinada.
A contínua evolução do Serviço de Intendência, de Bittencourt até os dias atuais, traduz-se tanto na estrutura organizacional, quanto na modernização dos processos e das tecnologias empregados para o transporte adequado de cada item específico de suprimento, no maquinário utilizado no desdobramento de cozinhas de campanha, no preparo de refeições no campo de batalha e na distribuição de diversificados tipos de rações operacionais.
Novas concepções, tais como a logística na medida certa (just in time) e a gestão da cadeia de suprimento (supply chain management) incorporaram-se às boas práticas preconizadas para um efetivo sistema logístico voltado para a guerra. Cumpre salientar, também, a incorporação das primeiras cadetes mulheres ao Curso de Intendência da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), futuras aspirantes em 2021.
No presente, a vertente administrativa do Serviço de Intendência evidencia-se no cotidiano das organizações militares (OM) nas atividades das Seções de Aquisição, Licitações e Contratos (SALC), responsáveis pelas aquisições e pelos contratos de prestação de serviços, e dos setores de aprovisionamento, de material e financeiro, responsáveis pela alimentação, pelo fornecimento de fardamentos e equipamentos.
A vertente de logística do serviço provê transporte e suprimentos indispensáveis às tropas em operações ou ao funcionamento das OM, inclusos alimentos, equipamentos, combustíveis, armamentos, munições e materiais de engenharia e saúde. Ocupa-se também de apoio ao moral da tropa pela disponibilização de assistência psicológica e religiosa, postos de banho e de lavanderia e apoio funerário.
Esse é o Serviço de Intendência que sustenta a tropa, ditando a permanência em combate. Tendo por lema “Sempre servir” e por distintivo a “Folha de Acanto”, símbolo da pureza e da honestidade, os integrantes da “Rainha da Logística” apoiam toda a instituição.
Fonte : Ministério da Defesa – Exército Brasileiro